[15 setembro 2005]
As cores de Frida
Deu há pouco tempo na televisão o filme sobre a pintora Frida Kahlo (pintora mexicana nascida a 7 de Julho de 1907), representada por Salma Hayek e realizado por Julie Taymor, que faz um trabalho excepcional. Em comparação com outras biografias de pintores, como a de Pollock, fiquei simplesmente fascinada, nao só pela sua vida, mas pelas pinturas, sinceramente desconhecia a sua vida e trabalho antes do filme, é-nos dada uma perspectiva do lado feminino. Com contornos surrealistas (chega a conhecer Andre Breton), mostra-nos algo tão verdadeiro, tão forte e tão arrojado, como se estivesse a desafiar alguém, ou a ela mesma, a abrir-nos os olhos para algo que silenciamos, arrebatadoramente sensual e frágil.
Frida sofreu toda a vida, física e psicologicamente. Teve poliomielite aos cinco anos e aos dezoito é vitima de um acidente de autocarro, o qual lhe traz inúmeras consequências de saúde (parte o pescoço, a espinha dorsal, costelas, o pélvis e ainda, onze fracturas na perna direita que já de si, devido à sua crise de poliomielite, parecia muito mais estreita que a esquerda) . Passa um mês deitada e pouco depois ganha a paixão pela pintura. Embora voltando a andar, foi muitas vezes hospitalizada ao longo da vida e passando por imensas operações.
Casa-se com Diego Rivera (aqui Alfred Molina), também pintor essencialmente de murais, um casamento difícil, devido às compulsivas traições de Diego (sendo a mais grave com a irmã de Frida), seguindo-se as de Frida (com homens e mulheres), mas encontrando também extrema cumplicidade, como colegas de trabalho, de criatividade, uma forte ligação de amizade... a certa altura no filme Frida diz a Diego que ao longo da vida terão tido a maior relaçao de amizade e colegas de trabalho mas nunca de marido e mulher, "I suffered two grave accidents in my life. One in which a streetcar knocked me down...The other accident is Diego." Mesmo assim, amavam-se, sucumbindo Frida a muita da sua independência por Diego, mesmo depois do divórcio que so durou um ano, Diego ficou ao seu lado ate à sua morte. Frida começa a beber e a fumar, "I drank to drown my pain, but the damned pain learned how to swim, and now I am overwhelmed by this decent and good behavior."
Frida ocupa um grande lugar não só no mundo da arte, sendo a primeira mulher a quem o Louvre compra um quadro, mas no mundo da mulher, representando um papel importantissimo na emancipação desta, apareceu talvez na altura certa. Muito provavelmente a sua maneira de olhar para a sexualidade, olhando para o amor feminino com a mesma importância e valor que olhava para o masculino, ajudaram esta visão e brutalidade que punha nas telas. De notar a cena do tango com Ashley Judd, uma das cenas mais sensuais do filme, ou a cena em que Frida corta o cabelo vestida com um fato de homem (existindo também o quadro). Subversiva desde jovem, mesmo vindo duma familia burguesa, Frida absorve ideais comunistas, pelas quais também se alia a Diego, (que em certa altura pintou um mural no Rockefeller Center, destruído devido à presença da imagem de Lenine), incitando um espirito revolucionario, Frida dizia que tinha nascido em 1910, depois da Revoluçao Mexicana, queria que a sua vida começasse no México moderno. Tem também um caso com Trotsky (Geoffrey Rush no filme), quando este se exila no Mexico em casa dos pais de Frida, à qual lhe custa um interrogatório na policia devido ao assassínio deste.
A arte nasceu com ela e talvez tenha também sido por ela que Frida se agarrou à vida. O filme mostra-nos o calor do México, as cores fortes como fogo, em comparação com os outros países mostrados no filme pelos quais Frida demonstrava algum desprezo vendo-os como paises elitistas e cheios de arrogância . Pintados a cinzentos, a cores mortas e monótonas. E a música, cheia de emoção, de vozes alegres ou sofridas, algo imprescindivel que marca os vários ambiente, as vozes do México, tão verdadeiras e atraentes como os quadros de Frida. Via-se o México em Frida (sítio onde tem apenas uma exposiçao) nas suas roupas típicas, sendo uma das suas marcas. Frida piora de saúde, sendo cortados os dedos de uma perna devido a uma infecção de gangrena o que lhe causaram estados depressivos e tendências suicidas, morre então a 13 de Julho de 1954. Frida, como era seu desejo foi cremada, afirmando que passara tempo suficiente deitada.
Uma vida e personalidade espantosas e uma grande biografia (embora à maneira de Hollywood), com representações espantosas, dando-nos uma noção de História e de Arte. Peço desculpa se fui "spoiler" em relaçao ao filme, mas vendo-o ou nao acho que trará curiosidade sobre a pessoa que ela foi, não queria escrever só sobre o filme, mas tambem sobre Frida Kahlo.
Nota Final: 8.5/10
Sites uteis sobre a vida de Frida:
http://www.chasingthefrog.com/reelfaces/frida.php
http://members.aol.com/fridanet/kahlo.htm
por Virginia Woolf * 12:57
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2 Comentários:
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