[ Body and Soul ]


KaRL, (Lisboa) Portugal
{personal blog - BLANK PAGES }
(more about me)

Elisewin, (Setúbal) Portugal
(more about me)

[ Paranoid Songs ]





[ Paranoid Thoughts ]


[ Ancient Prophecies ]

..and so... a new blog is born..


[ Vanished Memories ]

setembro 2005
outubro 2005
novembro 2005
dezembro 2005
janeiro 2006
fevereiro 2006
março 2006
abril 2006
maio 2006
junho 2006
julho 2006
agosto 2006
setembro 2006
outubro 2006
novembro 2006
dezembro 2006
janeiro 2007
fevereiro 2007
março 2007
abril 2007
maio 2007
junho 2007
julho 2007
agosto 2007
setembro 2007
outubro 2007
novembro 2007
dezembro 2007
fevereiro 2008
março 2008
abril 2008
maio 2008
julho 2008


[ Favourite Minds ]

BLANK PAGES - karl's blog
Broken Skin
Carpe Diem
Clara Bela
Clepsidra
Com Um Supositório Isso Vai Lá
David Pinto 1979
Facing The Hours
Friend With Weed
Hanging By Threads of Palest Silver Kross On Fire
Lenore Miau
Manhãs da 3
Mas qual é a ideia?
Mina Anguelova
O Uno E O Múltiplo
On That Bleak Track
Pedaços De Nada
Pensamento do Morsa
Pink Poetry and my Thrill
Radiohead
Rita RedShoes
Strip The Soul
Tânia Bonnet


[ Electronic Paranoias ]

The Paranoid Prophets
THE SMASHING PUMPKINS
At-Tambur
Badmood Forum
Billy Corgan
CineCartaz
Clap Your Hands Say Yeah
Cotonete News
Disco Digital
Forum Sons
Last Days Of April
Logh
Musica No Coracao
Netphoria Forum
Paredes de Coura
Sapo Cultura
The Arcade Fire 01
The Arcade Fire 02
The Smashing Pumpkins 01
The Smashing Pumpkins 02
Zomb Forum

Online Thinkers:

online


this disease has been here:

since 3rd September 2005


Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!

[09 setembro 2005]

Contem uma piada.

Example



Sim contem uma piada, rir parece tão fácil, não é? Assim parecia no princípio desta peça, um típico humorista do que nos parece ser stand-up comedy ridiculariza a nossa sociedade, o estado de Portugal, estereótipos e preconceitos.
Tiago Rodrigues é Ricardo Magalhães, a personagem sobre a qual gira esta peça, ou será que gira também sobre nos mesmos? Ricardo Magalhães é chamado ao palco para nos fazer rir e cada um ri, ou não, da maneira que lhe apetece e ao que acha graça, com um riso mais, ou menos, caricato. Cada um com a sua característica especial, há aqueles que chamam a atenção ou os silenciosos. Ricardo destacou-se com esse objectivo, nasceu e cresceu com ele: fazer rir, não nos fazer sentir sós, fazer esquecer, sentir a vida, Ser. Rir ajuda a esquecer a solidão e é isso que Ricardo enfrenta em palco, a solidão. Rir ajuda a esquecer...e esquecer é sobreviver.
A meio da peça pede-nos que subamos ao palco, que contemos uma piada como ele, que façamos rir, sem nos rirmos, sem tremer ou gaguejar, que contemos simplesmente uma piada, porque hoje, ele já não quer fazer rir. Durante os primeiros momentos do espectáculo, Ricardo proporciona-nos o riso, como diria Annie Leclerc "Rir, é tão profundamente, viver", o riso para alem da brincadeira, ate que o riso acaba, as gargalhadas terminam, começa o silêncio ou as bocas de um ou outro espectador. O riso foge e Ricardo lembra-se. Lembra-se daquilo que o esquecimento tapa, daquilo que apagamos para ir dormir, do que pomos para trás para ir em frente, do que recalcamos; sejam os corpos sem vida que fazem uma estatística, seja quem nos pede dinheiro na rua, seja a morte de alguém próximo. Ele lembra-se e faz-nos lembrar.
Verdade seja dita e revelada, andei tempos atrás desta peça... descobri-a no início, e por qualquer razão, imperdoável, a dita falta de tempo (?), desculpas! Acabei por nunca a ver, ora imagine-se o meu contentamento quando vi o seu retorno anunciado e logo na Festa de Teatro de Setúbal. Deixo um obrigado sincero a quem a trouxe de volta, penso que peças como estas são uma renovação no armário poeirento, talvez conservador, ou simplesmente adormecido e pouco estimulado e dinamizado do teatro português, novos espíritos, novas ideias, renovação e revelação. A certa altura na peça Ricardo ridiculariza a revista portuguesa e a morte de Filipe LaFéria e do Politiama, com uma bomba norte-americana, ele diz obrigado e eu também diria se isso acontecesse, acho que não sou a única a concordar. Chamem-me radical ou contra a "tradição" se quiserem, mas a revista que alem de a considerar, desculpem a expressão "uma foleirada completa", representa aquilo que Portugal é, um país conservador e atrasado, concentrado no entretém paralisante do espectador.
Já tinha a impressão que seria daquelas peças, que "dá pano para mangas" e assim foi, não só isso como cada vez mais me espanto com o talento de actuar, de estar num palco perante o publico e neste caso, de stand-up comedian (or tragedian), que espera algo de nós, conseguir manipular emoções, do riso à tristeza, ter nas mãos a capacidade de gozar com quem nos assiste, de sermos gozados e rirmo-nos e a seguir, estarmos perto do choro. Ricardo anuncia que vai atirar contra nós, e mesmo assim assustamo-nos. Choque de emoções? O limite do riso e tragédia, tão íntimos, roçando-se até se confundirem. Stand-up comedy/tragedy inteligente, não é só rir e esquecer, é rir, pensar e lembrar. Talvez rir à "maneira inglesa" e saber criticar as normas e regras impostas, um não à indiferença. Soube-me bem ver uma peça assim.

Contem uma piada agora.



por Virginia Woolf * 18:52
|

____________________

0 Comentários:

Post a Comment